quinta-feira, 21 de novembro de 2013

004004 - ESTRATÉGIAS e PROGRAMAS do MARKETING de RELACIONAMENTO

O Marketing de Relacionamento permeia todos os níveis do planejamento estratégico. No nível de estratégia corporativa, um maior conhecimento do cliente significa que você pode entrar em novos mercados, com maior grau de certeza. Ele também pode identificar clientes sob ameaça competitiva e indicar providências para reforçar sua fidelidade. No nível de estratégia empresarial, o Marketing de Relacionamento proporciona um maior conhecimento de mercados específicos. Você pode analisar seu banco de dados para identificar oportunidades específicas de mercados e linhas de produtos. No nível funcional, essas mesmas técnicas podem ser usadas para elaborar e testar especificações de produtos, abordagens de atendimento do cliente e opções promocionais.

            O objetivo da segmentação é a definição de estratégias conforme mercado-alvo selecionado. Neste sentido, conceitua-se que existe um marketing:

- Indiferenciado, quando a orientação estratégica é para um único mix utilizado para alcançar todo o mercado;

- Diferenciado, que utiliza mix de marketing diferentes em cada segmento;

- Concentrado, quando há um mix direcionado para um único segmento de marketing;

- Customizado, usando um mix de marketing sob medida para cada consumidor ou organização em particular.

            O marketing na abordagem de relacionamentos pode valer-se de uma combinação destas orientações estratégicas, conforme porte e tipo do negócio de uma organização.

  
AQUISIÇÃO - RETENÇÃO - FIDELIZAÇÃO

Todos os objetivos e estratégias do Marketing de Relacionamento são baseados no conceito de aquisição e retenção do cliente. Não importa o quanto você seja competente na concepção e implementação de programas de retenção dos clientes existentes, sempre haverá um desgaste ou perda de clientes. Para manter sua posição, você precisa adquirir novos clientes. Essa é a finalidade dos programas de aquisição.

            É preciso colocar seu foco nos clientes existentes. Todas as vendas da empresa são feitas para dois grupos: clientes novos e clientes de retorno. É infinitamente mais custo-eficaz reter os clientes existentes do que atrair novos clientes. Os clientes existentes têm necessidades identificáveis que já foram satisfeitas por seus produtos ou serviços.

Focalizando a sua estratégia de marketing nos segmentos rentáveis da sua base de clientes, você normalmente produz a maior parte do seu faturamento necessário e aumenta seu “market share” sem investir em novos clientes.

As estratégias de aquisição são muito mais onerosas do que as de retenção. Se tiver sucesso, a manutenção da fidelidade do cliente traz benefícios adicionais. Clientes "fiéis" não apenas voltam a comprar, mas defendem produtos e serviços junto a seus amigos, prestam menos atenção às marcas concorrentes, e freqüentemente, compram extensões de linha de produto/serviço.

A fidelidade é um compromisso físico e emocional assumido por um cliente em troca de suas necessidades serem atendidas. Você deve encarar o seu relacionamento com os clientes a partir dos pontos de vista deles. Isso deve ajudá-lo a entender porque você está obtendo o seu nível atual de fidelidade. A pesquisa dos seus clientes atuais é um elemento contribuinte chave para o planejamento da retenção.

            O que os clientes buscam é geralmente o que está indicado na Tabela 1. Usando as informações do banco de dados de clientes, não existe nenhum motivo por que um programa de fidelidade do cliente não possa ser ajustado, para atender às necessidades de relacionamento do cliente.

Tabela 1: Satisfação e Retenção do Cliente

Você  pode  dizer  honestamente  que  oferece  a  todos  
os  seus  grupos  de  clientes ... ?

1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
Acesso fácil e conveniente à pessoa certa na empresa, logo na primeira vez.
Contato adequado da parte da sua empresa e comunicação desta com o cliente.
Status privilegiado "especial", como um cliente conhecido.
Reconhecimento do histórico deles com sua empresa.
Solução rápida e eficaz dos problemas.
Antecipação adequada das necessidades deles.
Um diálogo amigável, profissional e de duas vias.

Fonte: Stone, 1998.


MAS... COMO GERENCIAR PARA FIDELIDADE DO CLIENTE?

A administração da fidelidade do cliente é um componente crítico do Marketing de Relacionamento. Em muitas empresas, a pergunta "O que podemos fazer para aumentar a fidelidade do cliente?" é um tema recorrente em nível de diretoria.

Muitas grandes empresas juntaram-se ao grupo seleto de empresas que tentaram e testaram esquemas, enquanto muitas outras estão experimentando. A exposição de clientes a convites para se associar a esse ou aquele clube atingiu um pico recorde. Mas a fidelidade não é uma questão de jogar dinheiro em programas de marketing, produzir revistas, criar clubes ou lançar cartões de crédito, na vaga esperança de que a fidelidade seja estabelecida. A fidelidade será desenvolvida ao longo do tempo, se os parâmetros do relacionamento forem planejados e implementados corretamente.

            Mas o que é "fidelidade"? Fidelidade é melhor descrita como um estado mental, um conjunto de atitudes, crenças, desejos etc. Sua empresa se beneficia do comportamento de clientes fiéis, mas isso é o resultado do estado mental deles. A fidelidade também é um estado mental relativo. Ela impede a lealdade a alguns outros fornecedores, mas não a todos, na medida em que um cliente poderia ser leal a mais de um fornecedor concorrente. A Tabela 2 dá alguns exemplos de diferenças entre estado mental e comportamento.

 Tabela 2: Estados Mentais e Comportamentos Associados à Fidelidade

Atitudes, crenças, desejos de fidelidade

Eu confio em você mais do que confio nos seus concorrentes.
Eu entendo você melhor do que entendo seus concorrentes.
Eu me sinto mais à vontade com você do que com seus concorrentes.
Você me entende melhor do que os seus concorrentes.
Eu quero saber mais a seu respeito, mas eu não quero, realmente, saber mais acerca dos seus concorrentes.
Eu quero falar mais a meu respeito para você, mas eu não quero falar para os seus concorrentes.
Eu quero saber o que você pode fazer para mim, mas eu não quero saber o que o seu concorrente pode fazer.
Eu quero comprar mais de você do que dos seus concorrentes (ou, de forma mais enfática, eu não quero comprar de ninguém senão de você).
Quando eu tenho problemas com seus produtos, eu sei que devo informá-lo disso, mas eu não me importo com seus concorrentes.
Eu acredito que você resolverá bem esses problemas, mas não tenho tanta certeza em relação aos seus concorrentes.
Acredito que você me trata de forma especial porque eu sou um bom cliente seu.
Comportamentos

Comprando de você.
Comprando mais de você.
Comprando exclusivamente de você.
Encerrando outros acordos de fornecimento.
Verificando a disponibilidade do produto primeiro com você.
Pedindo informações com você.
Dando atenção às suas informações (por meio da mídia, visitas pessoais etc.).
Dando informações para você acerca de características e necessidades deles.
Alocando recursos para administrar o relacionamento com você.
Entrando para o seu clube.
Dizendo para você que eles são um membro do clube, sempre que for adequado.
Portando um símbolo (por exemplo, um cartão) do seu clube, com eles.
Reagindo de forma mais forte aos seus incentivos, promoções etc.
Recomendando ou até mesmo defendendo publicamente você perante clientes potenciais.
Notificando problemas para você.
Notificando sucessos para você.
Pagando você no vencimento.
Adequando os procedimentos de compra/uso.
Tornando rotina a recompra de você.
Fonte: Stone, 1998


Alguns pontos se destacam na Tabela 2. Não há condição necessária para fidelidade. Veja alguns exemplos de comportamentos aparentemente infiéis de clientes fiéis. Um cliente fiel:

* quando vai tomar uma decisão de compra importante, pode solicitar mais informações de fornecedores concorrentes, por motivos que podem incluir a justificativa da decisão, "benchmarking", cumprimento de processos formais de compra, ou desenvolvimento de uma posição de negociação mais forte;

* pode comprar de concorrentes se você não tiver o produto ou o serviço certo, para evitar o risco de dependência, ou se você estiver com problemas temporários de qualidade.

Assim, nenhuma das atitudes, crenças ou comportamentos é, em si mesma, uma condição necessária para que exista fidelidade. Fidelidade é uma composição, assim como um comportamento fiel também é. Alguns dos elementos da composição podem ser realmente triviais - para você - mas não para o seu cliente.

PROGRAMAS DE INCENTIVO AO RELACIONAMENTO

Para serem custo-eficazes, as estratégias de relacionamento têm que ser planejadas com certo grau de detalhe, e podem resultar em programas bem complexos. A finalidade da estratégia de relacionamento é maximizar o valor de vida útil rentável de um indivíduo como cliente (Tempo de Vida de Cliente – TVC ou Lifetime Value – LTV).

Clientes ativos podem geralmente ser identificados com facilidade a partir de registros de transações correntes. Se você possuir um registro detalhado de suas operações com clientes, a tarefa está facilitada.

A definição de clientes inativos ou relapsos varia em função da freqüência média de transação, no setor. No setor de encomendas pelo correio, um cliente relapso ou inativo pode ser definido como aquele que não tem feito nenhuma compra em 12 meses; um cliente inativo, como alguém que nada tem comprado em 24 meses ou mais.

Mas para bens com ciclos de recompra mais longos, esses períodos podem ser muito mais extensos. Se o seu produto for durável, e a substituição ocorrer a cada dez anos, mais ou menos, os seus clientes poderiam se considerar fiéis à sua empresa, mesmo que não tenham comprado nada há cinco anos.

Por esse motivo, as empresas com produtos com ciclo de reposição longos tentam vender itens com valor menor (serviços, assistência técnica, peças etc.) numa base mais freqüente. O motivo principal para isso é gerar faturamento, mas também funciona de forma maravilhosa para ficar em contato com os clientes.

Em geral, quanto mais longo for o tempo de vida de um cliente ou o tempo de vida potencial conhecido de um cliente, mais atividades promocionais podem ser realizadas durante a vida do cliente com sua empresa. No começo do período de convivência, ocorrem atividades de "boas-vindas". Estas são seguidas de promoções incentivando o cliente a fazer melhorias no produto já comprado ou comprar produtos ou serviços adicionais.

Finalmente, à medida que o fim da vida útil do produto do cliente se aproxima (por exemplo, fim do período de assinatura, necessidade de reposição), as atividades de renovação são iniciadas. Vale a pena determinar objetivos e desenvolver programas específicos para estratégias de retenção.

O Ciclo de Boas-Vindas

Essa é uma oportunidade para dar as boas-vindas e proporcionar segurança aos clientes, desenvolver fidelidade e adquirir informações adicionais acerca do cliente. E também aparece a oportunidade para oferecer aos seus clientes os benefícios iniciais. Se um ciclo de boas-vindas é ou não indicado, isso está relacionado com a extensão do ciclo de vida do cliente.

Venda Mais Cara ("Upselling")

Dada uma reação positiva ao produto/serviço, um passo seguinte natural seria promover produtos/serviços de maior valor. No caso de um cartão de crédito normal, seria um cartão-ouro, de cliente privilegiado; no caso de um automóvel, um modelo mais sofisticado; ou em termos de produtos musicais, um álbum em uma caixa, para um comprador de CD simples.

O “timing” apropriado da oferta pode ser determinado pelo histórico anterior do cliente. Freqüentemente isso pode ser realizado por meio de técnicas de simulação e aplicação dos resultados do teste, utilizando a análise de regressão para o banco de dados de clientes, a fim de dar a cada registro uma pontuação individual (ou probabilidade de reação).

Venda Cruzada

Essa é uma estratégia consciente para conduzir seus clientes por meio de categorias de produto. Para um cartão de crédito poderia ser a promoção de um serviço de compras a domicílio, ou um clube de vinho (por exemplo). Para um automóvel, seria um segundo carro para a família. Para um livro, seria uma coleção de discos. Nas vendas mais caras e cruzadas, os clientes fiéis devem receber algum incentivo para permanecerem fiéis.

Renovação

A extensão do ciclo de renovação deve ser testada para obter os resultados ótimos para um desembolso mínimo. Os incentivos para recompensar os clientes fiéis por sua contínua preferência constituem táticas custo-eficazes. Freqüentemente um ciclo de renovação implicará um determinado número de comunicações programadas, relevantes e pessoais, na data de renovação e depois da data de renovação. Depois que o cliente tiver ultrapassado a data de renovação final, o cliente se torna relapso.

Clientes Relapsos

A reativação de clientes relapsos geralmente é mais custo-eficaz do que o recrutamento de clientes totalmente novos, a menos que eles tenham se tornado relapsos em função de um problema fundamental de relacionamento (por exemplo, qualidade do produto), ou, porque eles saíram do mercado-alvo (por exemplo, em função da idade).

Podem também ocorrer problemas com a qualidade da informação acerca dos clientes. Contudo, quando os dados sobre os clientes relapsos estão disponíveis, seu valor pode ser testado, de forma que a lucratividade das promoções para clientes relapsos, não tenha que ser adivinhada.

Clientes Inativos

Aqui, a custo-eficácia é uma questão ainda mais crítica. Essas pessoas não têm comprado nem reagido a promoções por um período mais longo do que os clientes relapsos. Novamente, contudo, a solução é testar e comparar os resultados com o programa de aquisição, em termos de justificativa de custo.

Importantíssimo: A fidelidade do cliente não é simplesmente criada por meio das estratégias de vendas cruzadas, clubes de clientes ou qualquer derivação do que foi indicado anteriormente. Para desenvolver estratégias de retenção eficazes, você precisa de um conhecimento completo dos comportamentos e necessidades de seus clientes.


Material adaptado de:
STONE, Merlin. Relationship marketing. U.K.: Kogan Page, 1998.

BIBLIOGRAFIA
CHRISTOPHER, Martin, PAYNE, Adrian, CLARK, Moira, PECK, Helen. Relationship marketing for competitive advantage: winning and keeping customers. Oxford: Butterworth-Heinemann, 1995. 
ECCS, European Centre for Customer Strategies. UK: ECCS, 2000.
NICKELS, William G. e WOOD, Marian Burk. Marketing: relationships, quality, value. New York: Worth Publishers, 1997.



Profa. Enga. Olga Regina Cardoso, Dra.
                    CTC/EPS 
 Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC







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