segunda-feira, 21 de outubro de 2013

004001 - IMPACTOS DO MARKETING NOS RESULTADOS DE NEGÓCIO

Resultado é o que uma organização precisa gerar para assegurar a manutenção no seu ambiente. Empresas necessitam gerar valores superiores aos insumos que utilizam, agregando tecnologia através de seus processos. Valor é um conceito relativo que só tem sentido num contexto de clientes. Quem julga se uma empresa gera valor é o seu ambiente, seu mercado, onde estão todos os seus clientes. Deve ser assumido o conceito amplo de clientes: consumidores, empregados, investidores – isto é, todos os que de alguma maneira relacionam-se com a organização.

            Podem ser enumerados critérios para avaliar o foco de uma empresa nos resultados que almeja. Ulrich (1999) aborda pragmaticamente através de perguntas, às quais responde com indicações do que seria uma situação de sucesso competitivo. Os resultados devem ser:

* Equilibrados – Em que medida se equilibram entre empregados, manutenção da organização, clientes e investidores? Os resultados devem se equilibrar ao longo destas quatro dimensões.  

* Estratégicos – Como os resultados se alinham com a estratégia, ao se ligarem com um dos seguintes aspectos?
. Foco do negócio (por exemplo, produto, cliente, tecnologia, capacidade de produção, distribuição);

. Proposição de valor para os clientes (por exemplo, baixo custo, qualidade, velocidade, serviço ou inovação).

Os resultados têm fortes elos com a estratégia de negócio.

* Duradouros – Quanto os resultados perduram no tempo? É bom que eles atendam às metas de curto e longo prazo.
* Altruístas – Em que extensão os resultados dão mais importância ao todo do que às partes? Eles devem apoiar toda a empresa e não apenas os ganhos pessoais ou setoriais.

            É surpreendente a quantidade de gerentes organizacionais que não conseguem responder à pergunta elementar: Qual é o seu negócio? A resposta em geral refere-se a determinado setor de atividade: Estamos no negócio de produtos químicos, aspiradores de pó, turismo, agroindústria, entre outros. Raramente reproduzem um conceito que coloque negócio, como aquilo que é a essência de sua viabilidade. Negócio descreve o que caracteriza e impulsiona a organização no nível mais elementar.

RESULTADOS DE NEGÓCIOS SÃO ESTRATÉGICOS

             Resultados, conforme decorre do exposto, podem ser definidos em função de uma posição competitiva esperada para viabilizar uma organização. Isto quer dizer que por serem estratégicos, são intencionais – podem ser planejados e programados em funções organizacionais, com metas fixadas em função dos resultados de negócio. Portanto, definição e compreensão de negócio é ponto essencial para ser competitivo. Vejamos pois a que se refere a questão estratégica de resultados enfatizada anteriormente.

As empresas se enquadram em umas poucas formas elementares de foco do negócio: produtos, clientes, tecnologia, capacidade de produção e distribuição. Observe o que significa cada um e veja os exemplos.

- Foco no produto, têm as empresas que se concentram em fabricar um produto ou uma linha de produtos, e em encontrar tantos clientes quanto possível para esses produtos. A idéia é: projete um produto, fabrique-o e venda. Exemplo: A Harley-Davidson vende um conceito de produto, onde de forma até exagerada alguém de dentro da empresa diz: “é a possibilidade de um contador de 63 anos se vestir com roupas pretas de couro, rodar por cidades pequenas, e se fazer temido pelas pessoas – um estilo de vida rebelde”.

- Foco no cliente, são as que focalizam no aprendizado em profundidade das necessidades de um conjunto específico de clientes e, em seguida, no desenvolvimento de formas de atender estas necessidades, por meio de uma ampla variedade de produtos e serviços. Um exemplo conhecido são as estratégias da Johnson & Johnson.

- Foco na tecnologia, são empresas que controlam, em geral, uma única idéia ou processo valioso. A estratégia é encontrar tantas ofertas quanto possíveis a serem produzidas com a sua tecnologia, e tantos clientes quanto possíveis para esses produtos. Exemplo: A 3M com seu “know-how” exclusivo em adesivos e revestimentos. Ela oferece uma variedade espantosa de produtos para um igualmente diversificado tipo de clientes: fitas adesivas, Post-It, protetores de tecidos Scotchguard, lixas, fitas de calafetagem, fitas cirúrgicas, filtros para fornos, entre tantos.

- Foco na capacidade de produção, esmeram-se em manter a operação dos ativos existentes a plena capacidade. As empresas aéreas são um bom exemplo, bem como, hotéis, fábricas de papéis, usinas siderúrgicas e outras.

- Foco na distribuição, são aquelas empresas que desenvolvem canais de distribuição que são o âmago do negócio. Em função deles, procuram vender produtos e serviços apropriados ao sistema de distribuição. Exemplo: a Nu Skin americana que recruta distribuidores para a comercialização dos seus produtos de saúde e de cuidados com pele. Dedica atenção à boa remuneração dos distribuidores, para atrair outros dispostos a vender seus produtos em volume cada vez maiores.

            O foco de negócio converge a atenção da organização para dentro e mostra onde construir as capacidades organizacionais. Porém, isto não deve ser um fim em si mesmo. A proposição de valor reverte a atenção da empresa para o ambiente externo. Busca-se uma composição de critérios competitivos que podem ser adotados.

            São diversas as propostas de critérios competitivos. Slack (1997), por exemplo, indica confiabilidade de entrega, qualidade, custo, rapidez e flexibilidade – uma abordagem mais adequada aos aspectos de produção. Outros podem ter outras propostas. Para ilustrar uma, vejamos a fornecida por Ulrich (1999), que nos parece mais ajustada ao foco do Marketing. Significa um compromisso de ações em todos os processos que combinem:

- Custo, assegurando aos clientes o preço justo;
- Qualidade, oferecendo aquilo que é adequado ao que o cliente deseja;
- Velocidade, entregando os produtos aos consumidores com maior rapidez que os concorrentes;
- Serviços, possibilitando flexibilidade e serviços valorizados pelos clientes;
- Inovação, desenvolvendo produtos de vanguarda antes que a concorrência.
                       
            Uma organização competitiva é aquela que se mantém em seu ambiente. Objetivamente: uma empresa competitiva é a que se mantém no mercado. Será excelente quando pela combinação de ações que desenvolver para os critérios competitivos, focalizar seu negócio e gerar resultados dentro do que foi projetado estrategicamente.

            Todas as funções organizacionais devem dirigir suas ações vinculadas a resultados estabelecidos. Na maioria das situações, os resultados são expressos por medidas financeiras que são características para uma organização específica. Geram-se estratégias corporativas, que são desdobradas entre as unidades estruturais da empresa. Operacionalmente devem ser traduzidas em metas a serem atingidas, por negociação com as diversas áreas funcionais.

            Se há uma medida financeira para traduzir resultados esperados, nas diversas funções decisórias da organização, devem ser gerados procedimentos de mensuração característicos das atividades desempenhadas. Este é o desafio de todas as áreas: gerar indicadores de desempenho em cada área decisória, em relação aos resultados de negócio almejados. O Marketing não deverá fugir deste tratamento.
  

POSIÇÃO DECISÓRIA DO MARKETING

             O desenvolvimento das capacidades de resposta a novas exigências do cliente coloca alguns desafios sérios para a função de Marketing. As mudanças estratégicas para processos de negócio estão movendo a propriedade dos clientes para longe de vendas e Marketing; ela está sendo embutida na empresa como um todo. Pode haver problemas com tais alterações, se uma perspectiva desequilibrada por conduções da engenharia, por exemplo, ou concentrando demais em assuntos internos, sem reconhecer qual poderá ser o impacto sobre clientes.

A voz do Marketing também fica freqüentemente sem ser ouvida, ou aonde chega aos níveis diretores, não é sempre bem entendida. A linguagem usada por Marketing - marcas, posicionamento, satisfação, etc. - pode parecer opaca para estranhos. Sem definições claras, comumente compartilhadas em arraigados padrões mensuráveis, as possibilidades e confusão e erro são significativas.

A mudança estratégica centrada nos clientes está cruzando objetivos e metas de negócio, que precisam de uma linguagem compartilhada sobre clientes e concorrência. O Marketing de Relacionamento, torna-se pois, uma estratégia que empresas devem difundir com precisão em sua estrutura, já que há a tendência de crescente número de funções centradas nos clientes.

Não existe nenhuma dúvida que o Marketing está entrando num período importante de mudança. Em particular, Marketing está sendo responsável por mudanças significativas no comportamento e atitudes de clientes, e, por maior competitividade. As metas fundamentais são lucros mais altos e mais valor para acionistas. E, o poder do Marketing para influenciar eventos é limitado, devido à baixa credibilidade de suas medidas como indicadores potenciais de desempenho de negócio. O contraste entre como o Marketing se taxa em áreas críticas de negócio e como outros departamentos o vêem, é uma consideração crítica.

O conhecimento de Marketing é com freqüência altamente avaliado por profissionais de Marketing ou de outras áreas. Porém, tal conhecimento dos profissionais de Marketing, não é orientado para resultados de negócio nas visões de outros profissionais. Análises e medidas de Marketing são mal avaliadas por todo mundo. E todo mundo vê atividades de Marketing como primariamente táticas. Esta é uma constatação de Robert Shaw, da Business Intelligence, em sua publicação “Measuring and Valuing Customer Relationships”, e que pode ser observada na Figura 1.



MEDIDAS DO MARKETING

            Uma fonte de dificuldades que profissionais de Marketing estão enfrentando é sua habilidade em adotar e executar com sucesso novas ferramentas de medida. Como todos os gerentes de nível, estes profissionais são solicitados a usar ferramentas mais recentes, mas existe também um alto nível de descontentamento com muitas destas técnicas. Uma explicação simples para isto é que enquanto gerentes concordam que é importante estarem atualizados nas técnicas mais recentes, eles não concordam que é importante aprender como usá-las. Veja, como exemplo para argumentação, na Tabela 1 as medidas mais freqüentes utilizadas em Marketing.

Tabela 1: Indicadores Comuns Utilizados em Marketing


MEDIDAS FUNDAMENTAIS DE Marketing

Satisfação do Cliente = Avaliação da Experiência de Uso pelo Cliente versus Concorrentes e
versus Expectativas

Poder da Marca = (Reconhecimento da Marca) x (Lealdade do Cliente) 
                                                                 x  (Atitude do Cliente em Relação à Marca)

Participação de Mercado do Produto * = (Suas Vendas Anuais) :                                                                 (Total de Vendas Anuais da Categoria do Produto)

Taxa de Crescimento das Vendas * = [(Suas Vendas do Ano 2) - (Suas Vendas do Ano 1)] :                       (Suas Vendas do Ano 1)

Taxa de Crescimento do Mercado * = [(Total de Vendas do Ano 2 da Categoria do Produto) -                (Total de Vendas do Ano 1 da Categoria do 
Produto)] :                 (Total de Vendas do Ano 1 da Categoria do Produto)

Índice de Rotatividade de Clientes * = (Número de Clientes Perdidos até 31 de Dezembro do Ano) :      (Número de Clientes em 1o. de Janeiro do Ano)

Índice de Fracasso de Novos Produtos = (Lançamentos Mal Sucedidos de Produtos) :                             (Todos os Lançamentos de Produtos)

(*) Multiplique por 100 para converter para porcentagem - %

ÍNDICES TÍPICOS DE RESPOSTA DE CLIENTES (Marketing DE RESPOSTA DIRETA)

Mídia:
Anúncio de página inteira em revista
Carta via correio
Chamada telefônica
Carta via fax
Índice de Resposta:
0,05 a 0,20% da tiragem
0,5 a 5% dos destinatários
0,75 a 5% dos nomes chamados
2 a 10% dos destinatários
Fonte: Hian, 1999.


As avaliações pobres de ferramentas são quase sempre o resultado de fracassos internos, em lugar de debilidades das ferramentas em si mesmas. Por essa razão, algumas empresas têm reconhecido que medidas de negócio e as informações que elas fornecem, necessitam de gerenciamento próximo. Uma empresa que tomou atitudes para fazer isto, o fabricante de farmacêuticos Boehringer-Ingelheim, centralizou suas informações de mercado num departamento para proteger as medidas, em lugar de arriscar tê-las degradadas para um papel menor dentro de outras funções.

Um risco muito real que existe é que Marketing se torne marginalizado como resultado destas constatações. Sem mudar, especialmente na área de medidas, a área de Marketing pode perder espaço, e o foco do Marketing de Relacionamento é uma oportunidade de corrigir esta situação.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ECCS, European Centre for Customer Strategies. UK: ECCS, 2000.
GORDON, Ian. Relationship Marketing. USA: John Wiley & Sons, 1998
HIAN, Alexander. Marketing: o jeito divertido de aprender. Rio de Janeiro: Campus, 1999.
SHAW, Robert. Measuring and valuing customer relationships. UK: Business Intelligence, 1999.
SLACK, Nigel. Administração da produção. São Paulo: Atlas, 1997.
ULRICH, Dave. Results-based leadership. USA: Harvard Business Scholl Press, 1999.


 Profa. Enga. Olga Regina Cardoso, Dra.
                    CTC/EPS 
 Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC


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